Entrevista com Ana Martins, Diretora de Fotografia

Ana Martins iniciou sua trajetória na fotografia quando ainda era estudante de artes visuais, acumulando experiência em pequenos curtas experimentais. Hoje, como diretora de fotografia, ela equilibra estética e funcionalidade para contar histórias por meio da luz e do enquadramento. A conversa explora sua visão técnica e as decisões de estilo que moldam cada projeto. A simplicidade é condutora para Ana, que preza por narrativas visuais diretas.

Ao discutir lentes, Ana destaca a importância de escolher vidros que expressem o tom emocional da cena. Ela costuma alternar entre anamórficas antigas para projeções mais orgânicas e primes modernas para nitidez precisa. Segundo Ana, a lente é extensão do olhar: ela molda o campo visual e direciona a atenção do espectador. Em documentários, ela prefere lentes grandangulares que aproximam o público do assunto.

No quesito iluminação, a diretora evita setups elaborados em locações independentes. Ela faz uso frequente de lanternas LED compactas e rebatedores simples, adaptando‑os com filtros de cor para criar atmosferas coordenadas. Em uma produção de baixo orçamento, Ana já simulou luz natural apenas com painéis estratégicos, economizando tempo e recursos. A prioridade é manter unidades leves, fáceis de deslocar e rápidas de montar.

Durante filmagens em ambientes restritos, Ana enfrenta desafios de espaço e ruído. Ela relata ter improvisado difusores com lençóis brancos e posicionar refletores em trilhos suspensos. A coordenação com o operador de câmera é fundamental para evitar reflexos indesejados e garantir continuidade de luz entre os takes. O trabalho em equipe alia criatividade a protocolos claros de segurança.

Em produções independentes, Ana comenta sobre a necessidade de versatilidade do equipamento. Ela opta por câmeras mirrorless com montagens de gimbal, permitindo transições fluidas entre planos estáticos e planos em movimento. A integração de follow focus manual e motorizado, segundo ela, facilita capturas precisas em cenas de ação. Manter baterias extras e cartões rápidos de gravação é parte do preparo essencial.

Ana valoriza a colaboração estreita com o diretor e o assistente de câmera, definindo storyboards visuais antes das filmagens. Ela convida o assistente para testes de lentes e filtros, garantindo alinhamento estético para cada cena. A comunicação clara diminui ajustes em pós‑produção e acelera o cronograma. Para Ana, um set produtivo é aquele em que todos compartilham referências visuais.

Ao refletir sobre educação, Ana sugere que aspirantes dediquem tempo a experimentos práticos, em vez de apenas estudar teoria. Ela recomenda frequentar workshops de iluminação e participar de coletivos de cinema. Testar diferentes suportes — tripé, flowcine, steadicam — desenvolve sensibilidade para escolhas de movimento. Experiência em laboratório de fotometria também auxilia na previsão de resultados em campo.

Sobre o futuro das filmagens, Ana aposta em sensores de alta sensibilidade e câmeras compactas com liberdade criativa. Ela antecipa uso crescente de ferramentas de realidade virtual para pré‑visualização de cenas. Ainda assim, afirma que o olhar humano jamais será substituído — a sensibilidade para compor enquadramentos e extrair emoções permanece exclusiva do profissional. Tecnologia é aliada, não substituta.

Para finalizar, Ana incentiva cinegrafistas a encontrarem estilo próprio, equilibrando referências clássicas e inovações digitais. Ela reforça que a narrativa visual deve servir à história, e não o contrário. Investir em portfólio diversificado e em networking é tão importante quanto dominar equipamentos. A experiência, segundo ela, é fruto de erros bem documentados e de constante experimentação.

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